Professor Me. Bruno Rafael Machado Nascimento
Diversas ordens religiosas da Igreja
Católica estiveram atuando na Amazônia colonial com o objetivo principal de
catequizar os povos indígenas. Obviamente que tiveram outras funções, por
exemplo, evangelizar os moradores portugueses, fundação de colégios, criaram
igrejas, conquistaram fazendas, instituíram várias missões desde o século XVII,
desenvolveram as artes, exploraram a força de trabalho indígena e negra,
influenciaram e foram influenciados pelos indígenas.
Os historiadores afirmam que os
missionários estiveram lado a lado com o governo português para a expansão
territorial, povoamento da região e “pacificação” dos indígenas em favor de
Portugal, ou seja, garantia do território. Entretanto, os missionários nem
sempre mantinham boas relações com o Estado português e nem com os moradores.
Estes últimos acusavam principalmente os padres da Companhia de Jesus de
controlar os povos indígenas evitando que trabalhassem para os portugueses.
Os missionários foram enviados para
os “sertões” para estabelecer as missões ou aldeamentos com o intuito de
converter os ameríndios tornando-os cristãos e súditos do rei de Portugal. Eles
penetravam nas florestas, rios, igarapés, lagos. Enfrentaram as doenças e
diversas sociedades indígenas resistiram à ação dos missionários chegando à
matá-los. Outros povos aceitavam viver nas missões para se protegerem da
escravidão, em troca de presentes, de benefícios, de objetos que facilitassem
as suas vidas. Portanto, a colonização só foi possível também à ação dos
missionários e aos indígenas. Observe as principais ordens religiosas que
estiveram na Amazônia: Frades de Santo Antônio, Jesuítas, Carmelitas,
Mercedários, Capuchos da Piedade e Frades da Conceição da Beira do Minho.
Frades de Santo Antônio
Chegaram com o frei Antônio de
Marciana em Belém no ano de 1617. Missionaram os indígenas da região que ao se
aliarem aos portugueses ajudaram a combater os ingleses e holandeses. Fundaram
um pequeno convento nas proximidades de Belém e foram eles os primeiros a
visitar e criar missões no “Cabo do Norte” (atual Amapá).
Carmelitas
Em 1626-1627 criaram um convento em
Belém, partiram para fundar missões e educaram os filhos dos colonos, bem como,
fundaram fazendas.
Jesuítas (inacianos, filhos de Loyola, soldados de Cristo)
Padre Luís Figueira foi à região do
rio Xingu em 1636, mas logo foi à Europa e retornou com outros companheiros em
1643 que naufragaram na região do Marajó onde a maioria foi morta pelo povo Aruã.
No ano de 1653 chegaram e se estabeleceram os jesuítas João de Souto Mayor, Gaspar
Frutuoso e em seguida o padre Antônio Vieira. Destaca-se que não foram bem
recebidos pelos moradores de Belém, pois os inacianos intervinham na política
sobre os indígenas.
Ordem das Mercês (Mercedários)
Instalou-se em Belém no ano de 1640
sob a liderança do frei Pedro de la Rua de Santa Maria. No Pará criaram escolas
para educação dos filhos dos colonos. Chama atenção que eles não eram
portugueses, mas espanhóis. Fundaram o convento de Nossa Senhora das Mercês e
eram observados com desconfiança pelos portugueses.
Capuchos da Piedade
Chegaram em novembro do ano 1693 na
cidade de Belém.
Conceição da Beira e Minho
Chegaram em 1706 e também fundaram
várias missões.
Portanto, foram apresentadas as
ordens missionárias que atuaram na Amazônia colonial desde o século XVII até o
XVIII. Percebeu-se que estiveram de acordo com o projeto português de
colonização, pois foram úteis ao governo. Recebiam orientações das autoridades
portuguesas e muitas vezes essas ordens disputavam entre si os territórios onde
iam fazer as missões.
Abaixo tem um mapa das missões
religiosas no Estado do Maranhão e Grão-Pará na primeira metade do século
XVIII, ou seja, após a divisão entre as ordens em 1693. É possível perceber que
elas foram implantadas em lugares estratégicos, ou seja, nas margens dos rios mais
férteis e navegáveis no litoral entre as cidades de São Luís e Belém. Segundo
Bombardi (2014), elas eram bases para expedições contra indígenas inimigos e
defesa contra o avanço de estrangeiros que desejam fazer comércio com os ameríndios.
Com o domínio sobre os indígenas Portugal garantia a posse e defesa do
território.
Mapa 1 – Expansão da
atividade missionária no Estado do Maranhão e Grão-Pará (1730)
Fonte: BOMBARDI (2014, p. 40).
Referências
BOMBARDI, Fernanda Aires. Pelos interstícios do olhar do colonizador:
descimentos dos índios no Estado do Maranhão e Grão-Pará (1680-1750). 2014.
187 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade de São Paulo. São
Paulo, 2014.
CARVALHO JÚNIOR, Almir Diniz
de. Índios cristãos: poder, magia e
religião na Amazônia colonial. Curitiba: CRV, 2017.
NASCIMENTO, Bruno Rafael
Machado. Ad majorem Dei gloriam:
missões jesuíticas setecentistas no Oiapoque e os usos de documentos históricos
para ensino de História no Amapá. Rio de Janeiro: Autografia, 2018.
REZENDE, Tadeu Valdir de. A conquista e a ocupação da Amazônia
brasileira no período colonial: a definição das fronteiras. 2006. 353 f. Tese
(Doutorado em História) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.
Interessante professor
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