Macapá e Mazagão (rebaixado a povoado em 1833 e nomeado de
Regeneração) manteram-se fiéis a “legalidade” e não apoiaram o governo cabano.
Ao assumir o poder os cabanos assassinaram o Presidente da província, Lobo de
Sousa, em Belém. Os macapaenses souberam dos fatos através do ajudante
(co-comandante) da Fortaleza de São José, Francisco Pereira de Brito, que fora
em busca de recursos para o pagamento dos militares, pois estavam sem receber a
cerca de 7 meses. Trouxe consigo uma nova moeda produzida pelo governo cabano
para pagar os soldados. Em abril de 1835 a câmara de Macapá reuniu-se e decidiu
por não aceitar a nova moeda e, portanto, a autoridade do governo. Para
atualizar os pagamentos houve a colaboração dos moradores. Os administradores
da vila elaboraram um plano para proteger Macapá que ficou sob a
responsabilidade do capitão José Joaquim Romão, do juiz municipal Manuel
Gonçalves de Azevedo, o capitão da guarda nacional Francisco Barreto e o
promotor Estácio José Picanço. Ainda em abril a câmara aprovou o plano que
entre outras medidas propunha: organização de uma cavalaria com 20 homens para
proteger a vila, reparo no armamento da fortaleza e a utilização de uma
embarcação para proteger pelo Amazonas.
Mas, a situação da Fortaleza era angustiante, pois havia
poucos militares e por isso foram destacados guardas-nacionais para vigiar Macapá.
Mazagão adotou posicionamento semelhante ao de Macapá e ficou contrário aos
cabanos. A elite mazaganista resolveu destacar uma embarcação que patrulhava o
rio Mutuacá. Este barco foi de grande valia quando os cabanos tentaram entrar
em Mazagão, mas foram rechaçados.
Com o avanço dos cabanos na província a câmara de Macapá
resolveu se preparar novamente e em setembro de 1835 reuniu-se e delegou ao
comandante da fortaleza o major Francisco de Siqueira Monterroso e Melo da
Silveira Vasconcelos a responsabilidade da defesa. Com a ajuda dos macapaenses
de posses ele colocou para patrulhar a região vários barcos. A proteção estava
por terra e pelo mar.
No mês de novembro houve embate com os cabanos que tiveram
que se refugiar pelo interior de Macapá. Uma parte alojou-se na ilha de Santana
(próximo de Mazagão), no furo beija-flor e na ilha Vieirinha. Reiniciado os
combates as forças macapaense e mazaganista conseguiram “vencê-los”. Contudo,
os cabanos apareciam constantemente por meio de bandos. Segundo Arthur Cezar
Ferreira Reis Macapá era um “baluarte da legalidade”, pois oferecia homens e
materiais para Cametá, Portel, Afuá, Curuçá na luta contra os cabanos.
Segundo Estácio Vidal Picanço os franceses vindos de Caiena
realizavam comércio com os índios desde o século XVII na região. Eles também
auxiliaram alguns grupos de cabanos com armas, mas essa ajuda foi limitada.
Referências
PICANÇO, Estácio Vidal. Informações sobre a história do Amapá
(1500-1900). Macapá: Imprensa oficial, 1981.
REIS, Arthur Cezar Ferreira. Território do Amapá: perfil histórico.
Rio de Janeiro: Imprensa nacional, 1949.
Tens mais alguma informação sobre a Cabanagem no Amapá? Grato pela atenção.
ResponderExcluirVocê tem esse livro do Estácio Vidal Picanço? Como eu faço pra conseguir uma versão em pdf?
ResponderExcluirAcredito que ainda tenho no HD, pois deu um bug no notebook e perdi tudo.
ExcluirMande-me e-mail: professorbrunohistoria8@gmail.com, pois se tiver envio a você.